Você já parou pra pensar no que tem dentro da sua pasta de dente? Pode ser chamado de creme dental, gel dental ou pasta de dente. A sua forma mais comum é em creme, para ser aplicado na escova. Vamos ressaltar aqui a importância da utilização de um agente limpante e do hábito da escovação diária dos dentes, para manutenção da saúde bucal. Porém é preciso se preocupar com os produtos que utilizamos, pois eles podem trazer riscos tanto a saúde quanto ao meio ambiente. Se considerarmos que boa parcela da população escova os dentes regularmente, três vezes ao dia, temos aproximadamente 100 toneladas de agentes poluentes sendo descartados nos corpos d’água diariamente, só no Brasil. Mas então quais são os principais componentes e pra que servem?
FLÚOR – é absorvido pelo esmalte do dente durante o processo de reposição de cálcio e fósforo, perdidos devido ao desgaste causado pelos ácidos liberados após a alimentação. Aumenta a resistência ao aparecimento de cáries. Porém o flúor também pode ser obtido através do consumo de água fluoretada, basicamente a água potável. Pois numa tentativa de combate as cáries, e o acesso ao flúor, mesmo a uma parcela da população mais carente, o governo começou a adicionar o flúor na água tratada. Como resultado os alimentos que foram produzidos e processados com água fluoretada, passam a estar “contaminados” com ele, pois o fluoreto de sódio é bioacumulativo. Apesar de necessário, o flúor em excesso, pode causar manchas brancas nos dentes, osteoporose, problemas endócrinos, afetando a tireóide e até morte por envenenamento. O flúor é tóxico aos humanos e a natureza, que também sofre danos, o fluoreto de sódio, também é utilizado na produção de inseticidas e preservante de madeira. Se você já consome flúor de outras vias, seu creme dental não precisa ter flúor.
LAURIL ÉTER SULFATO DE SÓDIO – é um agente limpante, presente em praticamente todos os produtos de higiene e limpeza disponíveis nas prateleiras do super mercado. Promove espuma e sensação de limpeza, mas pode causar aftas. A espuma, de que tanto gostamos, e que creditamos o poder de limpeza, tem na verdade pouco ou nenhum efeito sobre a limpeza efetiva de nossas bocas. Ao chegar aos corpos d’água, essa espuma impede que a luz e o oxigênio penetrem nas águas, diminuindo a disponibilidade de elementos necessários, causando a morte de organismos aquáticos em diferentes níveis tróficos.
TRICLOSAN – também está presente em praticamente todos os produtos de higiene. Ele é adicionado a pasta somente para impedir o crescimento de bactérias, para que ela tenha um prazo de validade maior. Quando utilizado em pequenas quantidades ele impede o desenvolvimento de bactérias, porém em altas concentrações promove a morte destes organismos. E nós precisamos de nossas próprias bactérias bucais para mantermos nosso corpo saudável. Além de poder causar reações alérgicas aos humanos, essa substância enfraquece células musculares do nosso corpo (inclusive coração), causa perda de peso progressiva e diarréia, altamente prejudicial para a pele, olhos e mucosas, fazendo com que essas partes se tornem vulneráveis à absorção de outras substâncias. Assim como causa complicações aos peixes, algas e invertebrados, causando efeitos de desregulação do sistema endócrino. O triclosan possui propriedades que favorecem a bioacumulação nas mesmas espécies aquáticas. Quando despejado no esgoto, promove uma seleção de bactérias mais resistentes, causando distúrbios aos habitats e em outros animais, influenciando a degradação de matéria orgânica promovida por microorganismos. Essa substancia também é utilizada na produção de tintas, banheiras, borrachas e pesticidas.
BENZOATO DE SÓDIO – outro preservante da mesma classe do triclosan, é um pó branco adocicado e levemente adstringente, que além de conservante, pode ser usado como bactericida e fungicida. Porém se misturado a vitamina C, pode formar benzeno, que é um composto cancerígeno, mas nenhum fabricante avisa, que não se deve tomar suco de laranja após escovar os dentes, por exemplo.
ESPESSANTES, EMULSIFICANTES e UMECTANTES – não tem serventia alguma para a higiene bucal, servem apenas para deixar sua pasta com a textura cremosa que conhecemos e impedir que resseque. Os espessantes mais utilizados são carbômero 956, carregenina e carboximetilcelulose. Os emulsificantes mais utilizados são o glicerol, derivado animal e o cocamidopropil betaína, derivado do óleo de coco. Os umectantes mais comuns são o propilenoglicol, derivado animal de textura oleosa, que pode causar alergias e urticárias, e o polietilenoglicol 8 e 12, derivado do etileno glicol, tem seu uso controlado e pode apresentar muitas impurezas.
ABRASIVOS – minúsculos cristais e/ou micro plásticos (nem preciso explicar porque ele não deveria estar aqui, né?!) adicionados a composição para agir como uma especie de lixa sobre os dentes, removendo pequenas manchas e impurezas, mas também podem agredir a película protetora, o esmalte. Comumente utilizados são a sílica hidratada, mica e micro esferas de polietileno. Esse tal de micro plástico que já está presente no organismo de praticamente todos os seres vivos.
CORANTES – sem eles provavelmente a cor da pasta de dentes seria pouco atrativa, sendo assim, podendo impactar nas vendas. A maioria desses corantes são sintéticos e derivados de petróleo, podendo apresentar cheiro desagradável, que precisa ser disfarçado com outro componente. Outros ainda são derivados de metais pesados.
ADOÇANTES – fator decisivo na escolha entre um produto ou outro é o sabor. Os mais comuns são a sacarina sódica, muito comum na industria alimentícia, o sorbitol, que ajuda a manter a consistência e é um adoçante poderoso, também utilizado na produção de laxantes e diuréticos, e o hidróxido de sódio, isso mesmo, a soda caustica, utilizado aqui para neutralizar o pH dos outros ingredientes.
EMBALAGEM – utiliza plástico e alumínio, além da caixa de papelão desnecessária. Todos esses itens podem ser reciclados, desde que sejam descartados da forma correta.
Se analisarmos cada ingrediente e sua função isolada, facilmente conseguimos encontrar ingredientes naturais, biodegradáveis e sustentáveis que cumprem as mesmas funções. Fazer seu próprio creme/pasta/pó dental é super simples, mas se você tem medo de errar, ou acha que não tem tempo, existem muitos produtos disponíveis, principalmente em lojas on line. Nós também já temos nosso pó dental a venda.
Agora que você já sabe como ler um rótulo de pasta de dente, pode escolher um com maior segurança o que está comprando.